12/14/2006

era para ser un bello narrativo de sevilla

O que é que conservas ainda de teu?
O que é que tens para oferecer? Calam-se todos os rios que em ti correm. Abafam-se sob um jugo desconhecido. Morreram as tuas pedras de rolar, as que brilhavam entre a água e o sol, a maravilha que tu eras.
Sabes de história, sabes-te a eterna drolle de guerre sem um fim que te seja. A tua espingarda sedenta de matar, essa baioneta de ponta sedenta de sangue, de cadáveres jorrados aos teus pés, essa inutilidade encostada a um canto. Em equilíbrio precário, adiando adiando adiando as poças de sangue que escorres da boca, que salivas pelos poros simples e milésimos do teu corpo de assassino parado. Desmoralizado. Sem autorização de combate.
Vês o Discovery, enfureces-te a 110 kms por hora a matar do sofá a mais indefesa das gazelas indefesas da savana estéril. Come-te a fome por dentro e partes impedioso, pescoços frágeis e infantis. Matas. Gostas de antecipar o cheiro a instinto de medo. Que se fodam as falsas metáforas! que se foda a explicação! Tu queres sentir olhos de medo cravando-te. Implorando-te. Avé Cesar!
Que os que morrem não me saudem. Não me martirizem com o vosso desespero! Chega-me o meu a alimentar-se das vossas falhas imperdoáveis! Digo que não, que não vos poupem e que esventrem o diabo para deleite da multidão. Rimo-nos dele! Do que sofre mendigando. Do que morre mendigando uma vida que não tem, que não conhece! Morre-te para aí, indefeso e patético. Gozado por todos, pelos que pagaram bilhete para assistir ao teu último sopro sem saberem o teu nome.

Querem tripas de fora? Querem asco? Eu dou-vos o meu pior de bandeja! Entrego-vos o inocente ao cepo. A cabeça cortada num sopro, a rolar, a rolar. Deixo-vos corpo em síncope, desnorteado, estretor em morte rápida, demasiado rápida para o meu gosto. Torturante, sádico, extâse de dioniso com a multidão. Riam comigo, confortem-se no prazer diabólico deste fim de sofrimento do sofrido. Engulam. Dispam-se. Fodam-se.

Façam filhos em desconhecidas, não os reconheçam. Chupem pilas a gajos ricos a troco de muito, muito dinheiro. Engordem numa gula para sempre, comam tudo e não deixem que nenhum mendigo vos roube o pão. Vomitem-no, à sua fraqueza, ao seu devaneio de misericórdia arrumadora de carros.

Eu vendo coca há porta das escolas. Ofereço-a barata primeiro, uma graminha a dividir pelos vossos onze anos. Vou foder-vos a vida toda e continuar a engordar a tal gula de que falei. Sem remorsos. Sem penas. Até morrer.

Os vossos supermercados a abarrotar. As vossas televisões hipnóticas. Os vossos bolsos vazios. Que felizes vazios vocês são, como eu. Que rebanho de corpos flácidos seguindo o profeta, o cristo ou o psiquiatra. Encharquem-se em comprimidos, não é de lá que acharão qualquer cura.

Nem de lado nenhum. Morte ambulante disfarçada de vida, carregam penas. Amolgam culpas. A puta que vos pariu que não conseguem morrer em paz. Sem chatear! Algum insecto vos provocou dano? Algum cacto invadiu o vosso espaço para acabar? Quem não sabe reagir com o ambiente somos nós!

somos nós que nos condenamos.
nós que nos acabamos
cobardemente,
em fúria.

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Vejo neste blog a minha identidade, no masculino. Muito curioso e interessante este passeio por aqui.

Arrisco até dizer, blog brothers

March 07, 2007  

Post a Comment

<< Home