11/10/2006

passagem pelo absurdo.



A: pelo que esperas?

B: pelo amor.

A: Que pena.

B: Porquê?

A: Por momentos sonhei que esperasses GODOT.

B: Quem é esse?

A: Deus. e eu seria Beckett. Samuel.

B: Nome esquisito, Samuel... de qualquer das formas não acredito em deus.

A: Mas acrdeitas no amor.

B: Não sei. ele ainda não chegou.

A: Só acreditas quando o vires?

B: Disseram-me que era fácil de encontrar. bastava-me esperar para ele vir.

A: Então é ele que te encontra, não és tu que o procuras.

B: Tanto faz.

A: E que fazes?

B: Espero. E tu?

A: Procuro.

B: O quê?

A: Não sei.

B: Talvez esse tal de Samuel.

A: Não. esse já morreu.

B: Ainda à bocado pensavas que o eras.

A: E se-lo-ia se o esperasses.

B: A quem?

A: GODOT!

B: Talvez esse GODOT conheça o amor.

A: Se existir.

B: Também só acreditas quando vires?

A: Não sei. também não sei se é dele que ando à procura.

B: Bem esquisita essa tua indecisão.

A: Sim. Se comparada com a tua certeza.

B: Certeza de que?

A: De nada, pelos vistos.

B: Não me traz desilusão esperar.

A: E eu não me importo de procurar!

B: Então sai daqui que não és quem eu espero!

A: Com todo o prazer. que não és quem procuro.

PAUSA. A AFASTA-SE.

B: Espera. Tens lume?

A: Depende. Tens cigarros?

B: Não.

A: Então tenho.

B: Se eu tivesse cigarros não tinhas lume?

A: Não. Seria demasiado fácil.

1 Comments:

Blogger T said...

Seria demasiado fácil escrever o óbvio. Amei. Mais uma vez. E outra vez.
Parabéns

March 07, 2007  

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